O caminho até a realização de um sonho é, na maior parte do tempo, cheio de altos e baixos. No entanto, aqueles que se mantêm focados podem olhar para trás e afirmar que tudo valeu a pena. Este é o caso do capixaba Tarcisio Freitas, de 24 anos, que está prestes a defender o Brasil no campeonato Mundial de handebol, que tem início nesta terça-feira (14), com três sedes: Croácia, Dinamarca e Noruega.
Natural de Cariacica, o central de 1,93m flerta há anos com a seleção brasileira. Isso porque em janeiro de 2015, quando tinha apenas 14 anos, Tarcísio foi indicado pelo então treinador do Brasil – o espanhol Jordi Ribera -, como uma das maiores promessas brasileiras da modalidade. Desde então, ele teve a oportunidade de representar o País em competições de base e chegou a ser medalhista de ouro no Pan-Americano Júnior de Cali em 2021.
Agora, dez anos depois de ser visto como uma promessa, o capixaba prova que já é realidade ao fazer sua estreia na seleção adulta em uma das competições mais importantes do ciclo. Ao analisar a própria trajetória, Tarcísio revelou estar feliz com a oportunidade.
“Foram 10 anos de muito trabalho! Saí do estado em busca de crescimento como atleta, buscando novos desafios e conquistas. Tive altos e baixos nesses anos, mas creio que tudo o que aconteceu foi por um propósito maior. Hoje estou muito feliz pelo meu momento e também por essa tão esperada oportunidade na seleção”, ressaltou ele.
O Brasil entra em quadra na próxima quarta-feira (15), quando encara a Noruega, às 16h30 (horário de Brasília). Segundo Tarcísio, a expectativa está alta.
“As expectativas são as melhores! É a primeira vez que tenho a chance de representar a seleção adulta no Mundial. Eu acredito que esse novo ciclo pode ser cheio de vitórias para a nossa seleção! Temos muitos jogadores jovens com prestígio e renome internacional. Apesar de novos, muitos são experientes, então creio que esse ciclo pode ser muito vitorioso”, relatou ele, que a partir deste momento busca também realizar outros sonhos:
“Meus objetivos agora são levar nossa seleção a uma das melhores colocações em campeonatos mundiais, me manter na equipe durante este ciclo e, quem sabe, conseguir a vaga para Los Angeles para poder participar dos Jogos Olímpicos”, completou.
Atualmente sob o comando do técnico Marcus Tatá, a seleção brasileira está passando por uma renovação. A equipe não conseguiu se classificar para as Olimpíadas de Paris e agora o treinador busca construir uma base forte para que o Brasil volte a participar da competição. De acordo com Tarcísio, a disputa por uma vaga no time o mantém motivado.
“Sei que temos muitos jogadores qualificados para representar a camisa de seleção, mas eu não vejo como um problema, vejo mais como um incentivo para que eu trabalhe e mantenha o melhor nível possível no clube e, consequentemente, na nossa seleção”, afirmou o jogador, que atualmente defende as cores do CB Granollers, da Espanha.
Antes de sair do País em 2021, o capixaba passou quatro temporadas no Pinheiros (SP), onde ajudou a equipe a chegar até as semifinais do Super Globe (Mundial de Clubes) da modalidade. No entanto, foi em um projeto da escola onde estudava no Espírito Santo que Tarcísio deu início a sua trajetória no handebol.
“Foi por acaso! Comecei a jogar no Castro Alves, que tinha um grande projeto de handebol. Na época alguns amigos já estavam na modalidade e aí quando veio o convite, a paixão pelo esporte surgiu”, lembrou ele, que revelou também ter se sentido motivado a ser ainda melhor após a fala do ex-treinador Jordi Ribera (que o indicou como uma promessa da modalidade).
“Inconscientemente acabamos passando por momentos de pressão, mas acho que por essa fala não tive nenhuma pressão excessiva como acontece com muitos jogadores de futebol que tem o mínimo de prestígio no começo de carreira. Acho até que serviu de impulso para cumprir aquilo que foi dito sobre mim, sabe? Ainda mais vindo de um treinador que tenho tanto respeito como o Jordi Ribeira”, refletiu Tarcisio, que tem como inspiração no esporte a também capixaba Alexandra Nascimento, eleita melhor jogadora do mundo pela Federação Internacional de Handebol (IHF) em 2012.
Questionado sobre o que diria para o adolescente de 14 anos que sonhava em vestir a camisa da seleção, Tarcísio afirmou que pediria para que ele confiasse no processo.
“Diria para ele confiar no processo porque estamos no caminho certo! Diria que conseguimos chegar na seleção e agora o trabalho é nos manter lá para buscarmos cada vez mais espaço dentro do esporte, já que o caminho é longo até chegarmos a nossa ídola”, finalizou.
Saiba mais
Jogos do Brasil na 1ª fase:
- 15 de janeiro (quarta-feira) | Brasil x Noruega | 16h30
- 17 de janeiro (sexta-feira) | Brasil x Portugal | 14h
- 19 de janeiro (domingo) | Brasil x Estados Unidos | 14h
Transmissão
- A CazéTV transmitirá todos os jogos do Brasil ao vivo.
Brasil em Mundiais
- A melhor colocação da seleção brasileira no Campeonato Mundial aconteceu em 2019, quando a equipe terminou a competição em 9º lugar.
- Em 2023, quando o último Mundial foi disputado, o Brasil ficou com a 17ª posição.
