Rio Branco cria núcleo para combater a discriminação no futebol

Nucad pretende tornar o clube pioneiro em ações afirmativas no Espírito Santo, reafirmando sua condição de "time do povo"

Em meio aos recentes casos de discriminação no esporte, o Rio Branco Atlético Clube criou um núcleo inédito no futebol capixaba, com o objetivo combater as mais diversas formas de preconceitos, como o racismo, a homofobia e o machismo, entre outros tipos de discriminações ainda presentes no futebol.

O recém-criado Núcleo Capa-Preta Antidiscriminação (Nucad) pretende fazer do Rio Branco um clube pioneiro em ações afirmativas no Espírito Santo, reafirmando sua condição de “time do povo”, como o clube é conhecido desde a década de 1930.

O objetivo do núcleo é criar estratégias e ações para engajar o clube e sua torcida em questões importantes na sociedade brasileira, promovendo transformações sociais por meio do futebol, de acordo com Paulo Pachêco, presidente do clube.

“O Rio Branco é o time de todos. Entendemos que não basta somente uma data em alusão a determinados temas, mas sim de ações afirmativas. O futebol deve ser vitrine e instrumento para fomentar a conscientização dos destrutivos impactos da discriminação. A prática esportiva também tem como papel impulsionar a luta contra a desigualdade. O clube criou o núcleo na tentativa de derrubar barreiras individuais, realçando a igualdade de todos e contribuindo para união dos indivíduos e das culturas”, afirmou o dirigente.

O núcleo é formado por diretores do clube e torcedores engajados em causas sociais, e está aberto para novos participantes. As primeiras ações já estão sendo elaboradas e serão divulgadas em breve. Entre elas, estão termos de compromisso com as torcidas organizadas, campanhas envolvendo profissionais do clube e parcerias com ONGs e órgãos públicos para incentivar denúncias, segundo o diretor de Comunicação do Rio Branco e membro do núcleo, Rafael Gomes.

“O futebol vai muito além das quatro linhas, pois ele tem o poder de mobilizar as pessoas e transformar vidas. Por isso, temos a obrigação de nos posicionar contra a discriminação e ir além: apoiar causas que vão além do jogo e participar ativamente das ações. O projeto nasce com esse propósito, pois o Rio Branco não pode ser o ‘Time do Povo’ somente no apelido, ele precisa ser realmente plural, popular, baseado na diversidade e na democracia, e sempre lutando ao lado do povo” destacou.

Raízes históricas contra o preconceito

A criação do núcleo se baseia na importância pregada pela atualidade, mas tem inspirações na própria história do clube, que tem raízes históricas no combate à discriminação. O Rio Branco foi fundado, em 1913, na cidade de Vitória, por jovens pobres e negros que eram proibidos de jogar futebol no clube dos ricos do município.

Já em sua fundação, o Rio Branco foi o primeiro clube no Estado – e um dos primeiros no Brasil – a aceitar jogadores negros. É tanto que o primeiro ídolo de sua história foi Gilberto Paixão, atleta negro que se destacou no futebol capixaba entre os anos 1920 e 1930, sendo campeão estadual por quatro vezes. Ele ainda foi presidente da instituição, entre 1936 e 1938, também sendo o primeiro negro a ocupar o cargo no futebol capixaba.

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