Sexta a Cesta: Vencedores e perdedores da Loteria do Draft 2023

Em 22 de junho, Victor Wembanyama será escolhido pela franquia que já teve outros pivôs talentosos como Tim Duncan e David Robinson.

Nesta terça-feira (16), aconteceu em Chicago o sorteio das primeiras 14 escolhas do Draft da NBA. O San Antonio Spurs saiu vitorioso na corrida pelo jovem mais disputado entre os times da liga norte-americana desde LeBron James.

Agora, o francês Victor Wembanyama aguarda a noite de 22 de junho para ser escolhido pela franquia que já contou com outros pivôs talentosos como Tim Duncan e David Robinson.

Mas o Spurs não foi o único time que se deu bem no sorteio, alguns receberam uma escolha maior do que o esperado e até respiraram aliviados por terem sido capazes de manter suas picks. Outros já não foram tão sortudos e voltaram para as suas cidades frustrados, pensando em qual direção devem tomar na pós-temporada.

Vejamos quais franquias foram as vencedoras e quais saíram derrotadas na noite de terça-feira.

Vencedor: Dallas Mavericks

Após uma temporada marcada pelos esforços homéricos de Luka Doncic (32 PPG, 8.6 RPG e 8 APG) e decisões questionáveis da diretoria (a troca por Kyrie Irving, por exemplo), a franquia de Dallas entendeu que era necessário abandonar a briga pelos Playoffs e perder os jogos do final da temporada em busca de uma escolha melhor no Draft. Escolha esta que seria redirecionada para o New York Knicks caso estivesse fora do top-10, como parte da troca por Kristaps Porzingis em 2019.

O time foi multado em US$ 750 mil (R$ 3,7 milhões na cotação atual) pelos seus esforços para perder propositalmente, o que a NBA considerou ser uma “conduta detrimental à liga”. Mas, meios a parte, os fins foram justificados no sorteio quando Dallas recebeu a décima escolha do Draft de 2023, mantendo a escolha e abrindo possibilidades para a próxima temporada.

Agora o Mavericks poderá utilizar a escolha – que pode acrescentar um jovem talento como Anthony Black, de Arkansas, ou Cason Wallace, de Kentucky – ou trocá-la por um jogador capaz de contribuir agora. A pick pode ser incluída em negociações por alguns jogadores disponíveis no mercado da NBA (OG Anunoby, por exemplo), que podem ser o que Dallas precisa para montar um elenco capaz de complementar Luka Doncic.

Fato é que ficar no top-10 foi uma vitória – ainda que pequena – para uma franquia que teve poucos momentos de paz na última temporada.

Perdedor: Detroit Pistons

No começo do sorteio da loteria o Detroit Pistons tinha a probabilidade mais alta possível (14%) de sair de lá com a primeira escolha do Draft.

O nome do Pistons saiu na quinta posição.

Esse foi o pior cenário possível para a franquia, que fez a pior campanha da NBA em 2023 (17-65) e tinha a intenção de adicionar um terceiro jogador selecionado na primeira escolha ao seu elenco (Cade Cunningham, escolhido pelo Pistons em 2021, e James Wiseman, escolhido pelo Warriors em 2020 e trocado para o Pistons).

Mas não ficar em primeiro não será o único problema, uma vez que a quinta escolha impede Detroit de escolher os três principais nomes do Draft: Wembanyama, Scoot Henderson e Brandon Miller. Assim, o rebuild continuará a passos lentos na cidade que já viu seu time ser campeão da liga três vezes. Os principais jovens do time não mostraram ainda potencial para liderar um time vitorioso tão cedo, o que fez com que o Pistons colocasse todas as suas esperanças em adquirir um talento com teto alto (como são os casos dos três jogadores citados).

Ainda existe a possibilidade de Detroit buscar acelerar o rebuild, trocando a escolha #5 por um jogador estabelecido que pode ajudar os jovens e garantir resultados imediatos. De’Andre Hunter, do Atlanta Hawks, é um nome que vem sendo incluído em conversas sobre trocas e pode agregar dos dois lados da quadra. Mas Hunter ainda precisa ser moldado e o mercado não tem muitas alternativas para suprir as necessidades de Detroit. 

A diretoria terá o difícil trabalho de decidir qual é o melhor caminho a ser tomado. Talvez a lição que fica é a de que a estratégia de “tank” (perder intencionalmente para ter uma escolha melhor no Draft) não valha mais a pena na NBA moderna.

Vencedor: Victor Wembanyama

Seria óbvio até demais dizer que o Spurs foi o maior vencedor do evento desta terça, afinal saíram do sorteio com a primeira escolha e a garantia de que poderão escolher um talento com potencial gigante.

Então, vamos analisar esse resultado pelo lado do jogador que – inevitavelmente – será escolhido em primeiro lugar na noite do dia 22 de junho.

Victor Wembanyama vai jogar por uma das franquias mais vitoriosas da NBA, treinada por um dos melhores técnicos da história do basquete. Essa combinação pode parecer não importar quando pensamos que a primeira temporada (talvez até mais) não vai ser uma campanha de muito sucesso e talvez nem leve ao torneio Play-in. Mas a médio-longo prazo, o desenvolvimento de Wembanyama vai ser beneficiado por ele estar em um time que sabe vencer e, mais importante, sabe como maximizar o potencial dos seus vencedores.

Gregg Popovich, técnico há mais de 20 anos, passou por apenas 2 “rebuilds”: o primeiro – ainda nos anos 90 – resultou na chegada de Tim Duncan e na criação de uma dinastia que acabou recentemente, em 2018, e o segundo é o atual momento que vive o Spurs. Ou seja, vencer faz parte do “DNA” de San Antonio e o desenvolvimento de jogadores da posição de Wembanyama também é um processo que não é novo na organização. 

Tim Duncan e David Robinson, que somam 7 títulos da NBA entre eles e várias conquistas individuais, são exemplos de jogadores que chegaram ao Spurs jovens e lá tiveram carreiras longas e condecoradas. Obviamente, Wembanyama é um jogador que entrará na NBA com um hype maior do que qualquer um dos pivôs citados, além de vir de uma carreira profissional que começou em 2019 na França. Mas, independente da experiência prévia e até mesmo dos atributos físicos nunca vistos antes na história da NBA, o Spurs é o time certo para Victor se desenvolver como uma estrela da liga de forma sustentável e sem a pressão de vencer agora.

Perdedor: Chicago Bulls

Após uma temporada desastrosa do Chicago Bulls (10º lugar no Leste e fora dos Playoffs), o time que já esteve no topo pela maior parte de uma década com Michael Jordan entra nessa pós-temporada sem um rumo definido. Isso poderia ter mudado na noite da loteria, caso a escolha caísse entre as primeiras quatro posições do Draft.

Isso não era um cenário provável, mas agora a dura realidade parece estar caindo sobre os torcedores da franquia. A escolha número 11 agora pertence ao Orlando Magic, como acertado entre os times na troca envolvendo Nikola Vucevic em 2021, que também custou ao Bulls um jovem promissor (Wendell Carter Jr.).

Pois é.

Agora Chicago encontra-se sem peças jovens com potencial – a não ser que você considere animadores os futuros de Ayo Dosunmu e Patrick Williams (eu não consideraria) – e sem a escolha de Draft que poderia consertar essa situação. Para piorar, os veteranos do time não são capazes de liderar o coletivo nos dois lados da quadra para vencer e a “estrela” do time, Zach LaVine, está envolvido em rumores de trocas. Isso sem contar a situação de Lonzo Ball, que é uma importante peça para o Bulls, mas não deve retornar até 2024, devido às múltiplas cirurgias que fez no joelho.

Portanto, ficar entre as quatro primeiras equipes a escolher na noite do Draft era a última esperança do Bulls, ainda que uma esperança quase invisível. A triste realidade que os torcedores terão que enfrentar é a de que agora a franquia será forçada a trocar pelo menos um de seus principais jogadores (LaVine, DeRozan ou Vucevic) ou insistir no elenco medíocre e voltar para a próxima temporada esperando resultados também medíocres.

Texto escrito por Gabriel Mazim.

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